terça-feira, maio 18, 2010

Rumual ékissa

Eis que senão quando avizinha-se a Copa do Mundo. É tempo das vendas de tevês de não sei quantas polegadas, do piratation de camisas da Seleção Brasileira e, claro, de cornetar a convocação do Escrete Canarinho. Como também sou filho de Deus - e porque ainda não apareceu nenhuma página do jornal para revisar -, também tecerei meus comentários a respeito dos 23 de Dunga.
Mas antesmente devo concordar com os mais entendidos em Seleção que, de fato, coerência nem sempre a ajudou a ganhar Copa do Mundo. Se não, vejamos.
Em 1982 e 1986, Telê Santana foi coerente levando para a Espanha e ao México equipes com meia dúzia de três ou quatro talentos incontestáveis (Zico, Falcão, Sócrates, Casagrande...). Resultado: fracassos retumbantes.
Em 1994, Parreira fez o que Felipão se recusou a imitar oito anos depois: atendeu ao clamor popular e convocou Romário. Ambos os treinadores foram coerentes com a linha de trabalho que haviam traçado e se deram bem. Dunga tem procurado fazer o mesmo. Se ele está certo ou errado, só vamos saber no derradeiro jogo da Seleção no torneio. Como torcedor e não corneteiro de plantão, espero que seja na grande final.
Coerência houve mesmo de 1958 a 1970. Com três canecos de uma levada só. Não deu em 66 porque Hungria e Portugal não permitiram. Pena que ainda não existia nesse período a mídia ultrahipersuperpoderosa e influente dos dias atuais. Os feitos de Maradona em 1986, graças ao poder das imagens ao vivo e em cores, elevaram-no à estatura de divindade, na Argentina. Com direito a igreja e liturgia em seu nome. Não importa quanto pó tenha nasalmente consumido. O mesmo poderia ter ocorrido com Pelé. Considerado por aqui apenas “rei” e “atleta do século”. Assim gira o mundo da bola, minhas senhores e meus senhores.
A imprensa de uma forma geral não gosta de Dunga. Isso é fato. Chamam-no de ignorante. Criticam-no por “não saber falar” (falam o mesmo a respeito de Lula). Afirmam, como Neto em um dos seus comentários imbecilóides, que ele foi um “jogador medíocre”. De repente, acham melhor “esquecer” que esse mesmo Dunga comandou: a) a conquista da Copa América depois de um baile sobre a Argentina; b) a da Copa das Confederações em uma virada espetacular sobre os Estados Unidos; c) classificação com antecedência nas Eliminatórias.
Outra: não gosta de Dunga porque ele não alivia para ninguém. Na entrevista coletiva logo após a convocação, todas as perguntas e colocações que tinham como objetivo desmoralizá-lo como treinador tiveram as merecidas respostas cheias de grosseria. Afinal, todo mundo sabe que o treinador é delicado como a pedra que o boi chutou.
Por último e não menos importante - e até porque acabaram de pousar na minha mesa as duas páginas de Política: os eleitos, conforme prometi (muitas) linhas acima, e acabei saindo (bastante) dos trilhos. Temos um bom goleiro, Júlio César. Considerado o “melhor do mundo”. Não por mim, uma vez que não existe um arqueiro superior aos demais. Veremos ótimos zagueiros em ação (ainda que Lúcio jamais venha a se livrar da desconfiança com que é observado, malgrado o que já amealhou em termos de prestígio no futebol internacional). Desconsiderar Robinho, Nilmar e Grafite como execelentes atacantes é um erro tão grande quanto a permanência do Nacional de Santa Inês na Copa União.
Portanto, aí está a Seleção Brasileira. Outro portanto: vamos parar com essa história de saber quem estava certo ou errado no jogo do bicho? Está na hora, isto sim, de acreditar que Dunga e seus escolhidos podem trazer a taça. Agora, se não for possível, fica para 2014. Qual o problema? O importante é nunca deixar de acreditar.

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