Em seu discurso em homenagem a Joaquim Nabuco, nesta quarta-feira (12), o presidente do Senado, José Sarney, ressaltou a importância fundamental do diplomata, político e historiador para a abolição da escravatura, afirmando que ele adicionou à luta "o ideal humanitário".
- Foi ele que transformou aquela causa, que existia como uma revolta de cada um, numa causa nacional a qual ele dedicou sua vida inteira e por que pregou, discursou e abriu jornais - disse Sarney, acrescentando que também como parlamentar Joaquim Nabuco aderiu à causa abolição e a ela de dedicou, chegando a enfrentar "tempos de desalentos".
Sarney lembrou que Joaquim Nabuco relata em seu livro, Minha Formação, que se tornou abolicionista ao visitar o cemitério dos escravos no engenho onde viveu a infância, em Pernambuco, após retornar de suas viagens pela Europa. Nesse momento teria decidido dedicar sua vida à luta contra a escravatura, bandeira já defendida por José Bonifácio desde a campanha pela Independência, mas a partir daí, disse o senador, "transformada por Nabuco".
- Ele foi um dos grandes homens deste país, porque reuniu, pela primeira vez, a consciência nacional em torno de uma grande causa, a causa extraordinária que foi a da libertação dos negros no Brasil, esses negros que deram ao Brasil a identidade nacional - afirmou o senador.
Ao procurar trazer informações diferentes do que o ideário popular já consagrou, e os oradores anteriores já haviam rememorado, Sarney buscou destacar outras facetas de Joaquim Nabuco, a sua "figura humana". Disse que era conhecido como "Quincas, o belo", e foi vanguardista ao influenciar a mudança da indumentária grave que existia no tempo do Império quando voltou da Inglaterra, ao adotar roupas de casimira inglesa e ternos de xadrez.
Sarney mencionou a adesão de Joaquim Nabuco ao movimento que pregava a manutenção da monarquia, e disse que "estaria contra Nabuco" se vivesse naquele século, pois acredita na república. Por esta bandeira, Joaquim Nabuco teria ficado "isolado dos grandes homens do seu tempo, vendo o esplendor de Rui Barbosa, vendo crescer Rio Branco" e teria dito na ocasião "cumpri dez anos de viuvez", relatou o parlamentar.
Sarney lembrou ainda que Joaquim Nabuco alternava momentos de euforia e depressão e teria até pensando em suicídio, como revela uma das cartas destinadas a seu pai. Ele também era romântico, disse Sarney, mas ao mesmo tempo "um homem da noite, mundano", que gostava de conversar com as mulheres e de "transmitir seu encanto" para elas.
Da Redação/Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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