Caro leitor, caso você já deve
estar sabendo, ou não, no dia 21 de dezembro deste ano chegará ao fim um certo
calendário que era utilizado pelos maias no auge de sua civilização. Os maias
já haviam desaparecido muito antes de os espanhóis iniciarem sua sanha
colonizadora, exploratória e genocida – mas deixaram como legados para a
humanidade ruínas de construções altamente modernas e, para o século XXI, uma
baita de uma pulga atrás da orelha.
O
dia 21/12 será uma sexta-feira. Bem perto do Natal, que é para ressaltar a ironia
do suposto acontecimento. Às vésperas da alegada data em que se celebra o
nascimento do Cristo, filho do Deus criador do céu e da terra – conforme os
relatos bíblicos -, poderá acontecer um cataclisma capaz de transformar esta
nossa nau estelar em poeira cósmica.
Fico
imaginando a reação das pessoas nesse dia. Por ser uma sexta-feira, em vez das
tradicionais duas cervejinhas antes de voltarem para casa após (mais) uma
estafante jornada de trabalho, algumas estarão com o rosto praticamente grudado
na televisão, acompanhando os desdobramentos e as repercussões referentes ao nosso
último dia aqui na Terra. Por outro lado, creio que muita gente vai deixar o
medo de lado e procurará seguir a normalidade inerente ao bom e velho
cotidiano. A Rua Grande certamente não estaria lotada, como de costume, mas
haveria quem comprasse algum presente para um ente querido. Nada muito caro,
certamente. Afinal, você não precisa ter 300 milhões de dólares em sua conta,
como o Tom Cruise, para realizar um pequeno, porém significativo gesto. O amor
não custa tão caro assim.
Por
falar em Tom Cruise, saiu na Internet que o astro de “Missão Impossível”
estaria construindo no subsolo de sua mansão “fantárdiga” uma espécie de abrigo
subterrâneo. Uma precaução útil, para o caso de a Terra ser abalroada por
planetas errantes, meteoros de tamanhos espetaculosos ou raças alienígenas
mal-intencionadas – como as que foram rechaçadas por Wil Smith e pelos
Vingadores. Só não vai adiantar se se repetir na vida real o que aconteceu no
filme “Presságio”.
É
uma película deveras interessante. Porque se relaciona com perfeição a esse
clima de “Apocalipse Now” que conquistou uma enorme fatia de espaço na mídia.
Do que ela trata: um professor, muito bem interpretado por Nicolas Cage,
descobre em uma cápsula do tempo alguns desenhos feitos em 1958 por alunos de
uma escola. Mas nem todas as folhas têm os desenhos propriamente ditos. Em uma
delas há coordenadas de datas, mortes e desastres que aconteceram nesses
últimos 50 anos. Ao analisar essas informações, o professor acaba por concluir
que algumas dessas fatalidades ainda não ocorreram e que o mundo vai se pirulitar
em uma semana. A destruição acaba mesmo acontecendo, e duas crianças são levadas
por uma raça alienígena a um outro sistema estelar, no qual, como os novos Adão
e Eva, tentarão não falhar onde a humanidade fracassou miseravelmente enquanto
esteve por aqui.
A
penúltima cena de “Presságio” é particularmente tocante. Antes da detonação
planetária, o professor decide passar seu último momento com as pessoas que
mais ama. O que nos leva à seguinte questão: se e quando a extinção definitiva
realmente acontecer, ao lado de quem você gostaria de ficar? Quais seriam seus
últimos atos? Que bondades ou possíveis presepadas cometeria, sabendo que não
veria mais um amanhecer, um anoitecer, o sol se pondo em uma transição
miraculosa entre o fim do dia e o início da noite – fosse ela promissora ou
absurdamente banal?
Eu
gostaria de ver toda a minha família reunida. É gente demais. E neste caso
quanto mais melhor. Antes do fim, acompanhá-los com a costumeira irreverência
de bons beberrões, contando piadas, falando bobagens.
De
fato, não existe lugar melhor do que o lar.
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