segunda-feira, outubro 01, 2012

APOCALIPSE NOW!


Caro leitor, caso você já deve estar sabendo, ou não, no dia 21 de dezembro deste ano chegará ao fim um certo calendário que era utilizado pelos maias no auge de sua civilização. Os maias já haviam desaparecido muito antes de os espanhóis iniciarem sua sanha colonizadora, exploratória e genocida – mas deixaram como legados para a humanidade ruínas de construções altamente modernas e, para o século XXI, uma baita de uma pulga atrás da orelha.
            O dia 21/12 será uma sexta-feira. Bem perto do Natal, que é para ressaltar a ironia do suposto acontecimento. Às vésperas da alegada data em que se celebra o nascimento do Cristo, filho do Deus criador do céu e da terra – conforme os relatos bíblicos -, poderá acontecer um cataclisma capaz de transformar esta nossa nau estelar em poeira cósmica.
            Fico imaginando a reação das pessoas nesse dia. Por ser uma sexta-feira, em vez das tradicionais duas cervejinhas antes de voltarem para casa após (mais) uma estafante jornada de trabalho, algumas estarão com o rosto praticamente grudado na televisão, acompanhando os desdobramentos e as repercussões referentes ao nosso último dia aqui na Terra. Por outro lado, creio que muita gente vai deixar o medo de lado e procurará seguir a normalidade inerente ao bom e velho cotidiano. A Rua Grande certamente não estaria lotada, como de costume, mas haveria quem comprasse algum presente para um ente querido. Nada muito caro, certamente. Afinal, você não precisa ter 300 milhões de dólares em sua conta, como o Tom Cruise, para realizar um pequeno, porém significativo gesto. O amor não custa tão caro assim.
            Por falar em Tom Cruise, saiu na Internet que o astro de “Missão Impossível” estaria construindo no subsolo de sua mansão “fantárdiga” uma espécie de abrigo subterrâneo. Uma precaução útil, para o caso de a Terra ser abalroada por planetas errantes, meteoros de tamanhos espetaculosos ou raças alienígenas mal-intencionadas – como as que foram rechaçadas por Wil Smith e pelos Vingadores. Só não vai adiantar se se repetir na vida real o que aconteceu no filme “Presságio”.
            É uma película deveras interessante. Porque se relaciona com perfeição a esse clima de “Apocalipse Now” que conquistou uma enorme fatia de espaço na mídia. Do que ela trata: um professor, muito bem interpretado por Nicolas Cage, descobre em uma cápsula do tempo alguns desenhos feitos em 1958 por alunos de uma escola. Mas nem todas as folhas têm os desenhos propriamente ditos. Em uma delas há coordenadas de datas, mortes e desastres que aconteceram nesses últimos 50 anos. Ao analisar essas informações, o professor acaba por concluir que algumas dessas fatalidades ainda não ocorreram e que o mundo vai se pirulitar em uma semana. A destruição acaba mesmo acontecendo, e duas crianças são levadas por uma raça alienígena a um outro sistema estelar, no qual, como os novos Adão e Eva, tentarão não falhar onde a humanidade fracassou miseravelmente enquanto esteve por aqui.
            A penúltima cena de “Presságio” é particularmente tocante. Antes da detonação planetária, o professor decide passar seu último momento com as pessoas que mais ama. O que nos leva à seguinte questão: se e quando a extinção definitiva realmente acontecer, ao lado de quem você gostaria de ficar? Quais seriam seus últimos atos? Que bondades ou possíveis presepadas cometeria, sabendo que não veria mais um amanhecer, um anoitecer, o sol se pondo em uma transição miraculosa entre o fim do dia e o início da noite – fosse ela promissora ou absurdamente banal?
            Eu gostaria de ver toda a minha família reunida. É gente demais. E neste caso quanto mais melhor. Antes do fim, acompanhá-los com a costumeira irreverência de bons beberrões, contando piadas, falando bobagens.
            De fato, não existe lugar melhor do que o lar.

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