"É CLARO QUE, COMO TODO ESCRITOR, TENHO A TENTAÇÃO DE USAR TERMOS SUCULENTOS: CONHEÇO ADJETIVOS ESPLENDOROSOS, CARNUDOS SUBSTANTIVOS E VERBOS TÃO ESGUIOS QUE ATRAVESSAM AGUDOS O AR EM VIAS DE AÇÃO, JÁ QUE A PALAVRA É AÇÃO, CONCORDAIS?" CLARICE LISPECTOR - "A HORA DA ESTRELA"
terça-feira, janeiro 31, 2012
CABEÇA DE BOLEIRO
Em seu melhor momento, o boleiro, para lá de bem-humorado, aceita ser entrevistado por toda sorte de repórteres. Quando faz três, quatro gols, pede música no "Fantástico". Quando ajuda sua equipe a conquistar um título, então, aceita de bom grado o rótulo de "herói".
Agora, quando a fase não é boa, bico fechado.
Lembro quando Neymar se meteu naquela queda de braço com Dorival Júnior, no Santos. Um episódio foi sintomático: o "Moicano" caminhando por um aeroporto protegido por um segurança. Um repórter televisivo e o cinegrafista que o acompanhava aproximaram-se para falar com o garoto e foram repelidos violentamente pelo brucutu.
Quando está numa boa, ele aparece nos programas da Globo repondendo aos questionários mais tolos o tempo todo exibindo um sorriso falso e rindo de maneira mais falsa ainda.
Hoje, leio na Internet mais um exemplo de como funciona a cabeça do jogador. O elenco do Vasco, em razão de salários atrasados, decidiu não se concentrar para a partida de amanhã contra o Bangu.
Fico pensando: esse negócio de Roberto Dinamite não disponibilizar na conta dos jogadores os valores devidos certamente já era um problema que originou-se ano passado e que, por causa do bom momento vivido pelo Gigante da Colina - venceu a Copa do Brasil e batalhou, sem sucesso, pela Sul-Americana e pelo Brasileirão -, jogou-se tudo para as famosas "entocas", para não atrapalhar o bom desempenho da equipe.
Diz-se que carreira de boleiro é igual a viaduto: uma hora você está por cima, na outra está por baixo. Mas acho muito mais jogo o boleiro se comportar de forma natural tanto nas vitórias quanto nos maus momentos.
Para que se evite esse "pacto da mediocridade" comum a quem se envolve com o universo do esporte bretão - que só é legal nas quatro linhas. Fora, é uma sucessão de situações vergonhosas.
segunda-feira, janeiro 30, 2012
PEDAÇOS DA REALIDADE
2) A Renata Ingrata do Big Brother pediu anticoncepcionais à produção do programa e será submetida a exames. Para a alegria de Boni, só falta Pedro Bial anunciar a gravidez da loirinha.´
3) E Barrichello não para. Não quer sossegar a periquita, não pretende esfriar a bacurinha automobilística. Parece que vai correr pela Fórmula Indy. Caso se confirme, será interessante ver um piloto egresso da Fórmula 1 disputar as 500 Milhas de Indianápolis, que só não é mais desafiadora do que o Grande Prêmio de Mônaco.
4) Achei também interessante essa história do Miguel Falabella. Ele, que é o diretor da peça em que aconteceu o acidente com os atores "globais", no momento do causo estava em um cinema. Como é que é isso? Eu dirijo um espetáculo e não estou presente quando o mundo caía na cabeça alheia? Como diz a música, "nada é fácil de entender".
5) Wilson Lima acaba de se despedir desta redação. Vai trilhar outros caminhos, tentará ser feliz noutros rincões jornalísticos. Vai na paz, garoto. Que Deus ilumine sua trajetória.
domingo, janeiro 29, 2012
ESPORTE "DE NÍVI"
Dois dos melhores atletas do mundo na atualidade se enfrentaram numa batalha de quase seis horas, mas por incrível que pareça em momento algum a partida deu sono.
Novak Djokovic, o vencedor da peleja, e Rafael Nadal mostraram que são grandes mestres dos aces, dos slashes e das "paradinhas" - que obrigam o adversário a desmontar a estratégia de contra-atacar utilizando o fundo de quadra.
sábado, janeiro 28, 2012
A MILÉSIMA POSTAGEM
Romário marcou o milésimo dele pelo Trem-Bala da Colina em São Januário no domingo, 20 de maio de 2007.
Hoje, 28 de janeiro de 2012, um vascaíno convicto alcança a marca (para ele histórica) de 1.000 postagens em seu blog "Diário da Ilha".
Este meu recanto na rede mundial de computadores vai comemorar cinco anos em abril. Devo admitir que em matéria de blogs fui meio que um "Maria vai com as outras", porque tanto ouvi a respeito do milagre da multiplicação de páginas pessoais na Internet que resolvi fazer o meu.
Como jamais fui uma "pessoa pública", sequer uma dessas tais "subcelebridades", raros foram aqueles que dispuseram seus comentários a respeito de algo que eu tivesse colocado aqui - produções minhas próprias particulares e informações recolhidas na rede.
Não que isso vá me fazer "deitar na BR" - lembrando agora da letra de um forró de grande sucesso. Por mais que me acusem de ser um sem-ambição, tenho muito mais a ganhar na condição de ilustre desconhecido.
Não há ninguém, por exemplo, para patrulhar meus escritos. Um indivíduo famoso tem mais essa preocupação de se policiar quando vai colocar o que pensa em seu blog, no Twitter, no Facebook ou no Orkut.
O que importa mesmo é escrever. E a minha primeira postagem, no já distante abril de 2007 (ano em que perdemos o brilhante Raimundo Martins, então editor de capa de O Estado), foi justamente um conto ou um esboço de conto, cujo título era "Adeus, de novo"- que ora reproduzo:
ADEUS, DE NOVO
A viagem foi um pesadelo de oito horas. Chovia muito e por duas vezes o ônibus saiu da estrada. Nas duas ocasiões, esteve a ponto de capotar, e foi um verdadeiro milagre ninguém ter sofrido lesões graves.
Outro aspecto terrível dessa dantesca odisséia foram os muitos carros e corpos destroçados que os passageiros viram ao longo da odisséia dantesca. Houve um caso, antes de chegarem a Arari, no qual cinco automóveis pegavam fogo ao mesmo tempo. Duas senhoras, de idade avançada, vomitaram quando viram oito cadáveres dilacerados pelas chamas.
Sentado próximo ao motorista do ônibus, Daniel Mendes não deixou de comentar que em momentos como esse fica muito difícil aceitar a existência de Deus. Uma das senhoras que colocara para fora sua última refeição indignou-se e, nem bem refeita da tragédia que testemunhara, indignou-se.
- Como o senhor pode dizer um absurdo desse? - vociferou. - Nós acabamos de escapar duas vezes da morte certa! Se Deus não nos ajudou, que explicação me dá para o que aconteceu com a gente?
O professor Daniel Mendes, 38 anos, tinha uma resposta na ponta da língua, mas preferiu guardá-la para si. A verdade era que, após a morte de Luciana, desfez de um golpe tudo o que relacionava o casal a Deus Nosso Senhor e aos santos dos quais eram devotos. Queimou livros de orações, as coleções de hinos religiosos, a Bíblia que deixavam aberta na mesa da sala no começo do Evangelho de São Mateus, as imagens de São Judas Tadeu, de São Jorge com o dragão, de Nossa Senhora do Carmo, de Nossa Senhora de Fátima e de Nossa Senhora das Dores. Por último, quebrou em pedaços bem miúdos uma impressionante imagem do Cristo Crucificado, em tamanho natural, para a qual construíram uma capela no quintal e diante da qual passavam pelo menos uma hora em orações contritas após o almoço e o jantar, todo santo dia.
Não deu nem tempo a si mesmo de digerir o abrupto rompimento com os desígnios divinos. Foi até o Terminal Rodoviário e comprou uma passagem para São Bento. Porque foi o primeiro município sobre o qual alguém falou, ao chegar à rodoviária. Não conhecia o lugar. Tampouco tinha parentes que lá residissem. Tudo o que queria era ir para bem longe, para alguma cidade que significasse para ele a terra do esquecimento, onda ñão teria mais que pastorear seus rancores, sua raiva, sua mágoa, sua tristeza e, mais importante, a saudade, que parecia não ter limites.
No dia seguinte, apareceu na rodoviária às seis da manhã - que era o horário de saída do ônibus, marcado no bilhete. Imaginou o que pensaria o diretor do colégio da rede particular quando soubesse que seu professor de língua portuguesa, literatura brasileira e redação não desse as caras às sete horas na escola, e na raiva que o homem teria de engolir quando soubesse que Daniel não trabalharia para ele nunca mais. Daniel deu de ombros. "Que vá para o inferno", murmurou. Em seguida, entrou no ônibus. Nesse momento, o céu tornou-se cor de carvão, o ribombar do trovão sacudiu a Ilha e os ventos gelados apavoraram os bentivis em seus beirais carcomidos pelo descuido crônico de uma Prefeitura de merda.
Não houve mais percalços pelo resto da viagem demente. Mas a chuva continuava quando ele colocou os pés na cidade que desconhecia por completo e na qual haveria de viver até o fim de sua residência na terra. Não se sentia cansado. Podia muito bem suportar o peso de suas duas grandes malas, sob o temporal, enquanto procurava uma pousada provisória, a partir da qual procuraria seu castelo definitivo.
Antes de começar sua caminhada, soltou um longo suspiro e disse para o céu enfarruscado:
- Mais uma vez adeus, minha querida Luciana. Você morreu, mas é a minha vida que deve continuar. Sinto muito mesmo.Em seguida, movendo o pé direito, deu início à última aventura de sua vida.
Pois é. Agora, daqui até a postagem 2.000.
Se Deus assim quiser e permitir.
Um abraço!
sexta-feira, janeiro 27, 2012
OS EGOS SÃO ASSIM
quinta-feira, janeiro 26, 2012
SETE CONSELHOS
Alguém aí na plateia certamente já ouviu falar em Gabriel García Márquez. Antes de Shakira deixar o mundo abismado com seu contorcionismo no palco, sua boz e sua boa música, Márquez encantou esse mesmo mundo com romances maravilhosos, como (em minha modesta opinião) “Cem anos de solidão”, “O amor nos tempos do cólera e “Do amor e outros demônios”.
Este preâmbulo serve como suporte para lhes contar que na última quarta-feira (25), vasculhando pela Internet - cada vez mais sob ameaça de controle do “dragão imperialista” estadunidense -, encontrei sem querer um blog no qual consta um opúsculo cujo título é “Sete conselhos de Gabriel García Márquez a um editor de blog”.
Na verdade, o título serve apenas para chamar a atenção, porque o próprio autor (não me peçam nomes agora: a memória tem escorrido por goteiras) afirma que o mestre de “Olhos de cão azul” não se dirigia exclusivamente a quem escreve em um blog e sim a qualquer um que trabalha com a palavra.
Eu mui humildemente, como diria o poeta, atrevo-me a de vez em quando “remover a neve da folha de papel”. E porque tenho um longo chão pela frente até preencher esta com as minhas inofensivas considerações, lhes passarei os sete conselhos, com o acréscimo de comentários – mais ou menos como Napoleão Bonaparte fez em relação a “O príncipe” do sempre atual Maquiavel.
1 – “Uma coisa é uma história longa e outra coisa é uma história alongada”.
A primeira deve ser mais interessante que a segunda. Os romances de Dan Brown, por exemplo. Tem 105 capítulos, mas, além da maioria deles ter pelo menos cinco páginas, as peripécias de Robert Langdon estão encadeadas de tal forma que o leitor termina o livro em menos de uma semana (o meu caso). Já em “Os cães ladram...”, de Truman Capote, há um “alongado” (e porre) relato dividido em duas partes de uma viagem que o autor empreendeu à então União Soviética. Uma obra assim pode ser largada pela metade sem o menor remorso.
2 – “O final de um artigo deve ser escrito quando estiver indo pela metade”.
É meio que um negócio de maluco. E meio impossível de se fazer, dada a concentração total exigida no ato de escrever. Você começa digitando, se perde na floresta de palavras feito um porco cego e o fim do texto é, literalmente, o último elemento com que deve ser preocupar.
3 – “O autor lembra mais facilmente como um artigo termina do que como ele começa”. Porque às vezes o começo do texto é um grande bolo de matéria fecal, e o escriba termina precisando se redimir do meio para o fim.
4 – “É mais fácil agarrar um coelho que um leitor”. Lógico. Quem lê é exigente. Não se deixa enganar por qualquer Paulo Coelho.
5 – “É necessário começar com a intenção de que se escreverá a melhor coisa jamais escrita, porque logo essa vontade diminui”.
Todo mundo que está no início da jornada pelas letras quer ser o próximo Jorge Amado, Érico Verissimo, John Updike ou Michael Crichton. Pretende ser a “bola da vez”, a encontrar uma forma de ajudar seu leitor a pensar de formas diferentes. Mas à medida que o tempo avança e traz consigo diversas decepções – não apenas no campo literário – a realidade obriga a arrogância a murchar feito um balão desamarrado.
6 – “Quando alguém se aborrece escrevendo, o leitor se aborrece lendo”. Quem escreve quer ser lido. É simples. Não sei se foi Montesquieu quem disse “Eu não faço nada sem alegria”. Em todo caso, essa lição deve ser aplicada a todas as atividades. E, já que você vai encarar a “luta com as palavras”, tente se divertir. As pessoas que lerão seus trabalhos vão agradecer que só.
7 – “Não force o leitor a ler uma frase novamente”. É o maior pecado que um escritor pode cometer. Vale para os prolixos e os que padecem de elefantíase literária – escrevem demais, sem conteúdo relevante. E eu espero ter seguido os sete conselhos à risca. Porque senão tentarei novamente. Até acertar.
quarta-feira, janeiro 25, 2012
SALVE O CORINTHIANS
terça-feira, janeiro 24, 2012
DE BESTIAL A BESTA
Críticas à parte, o Nacional, da Cidade Operária, e o Roma, do Bairro de Fátima, entraram em campo às sete da noite em ponto. Nas arquibancadas e sociais, um bom público. Mais gente, com certeza, do que haveria em um MAC x São José, por exemplo. E mais animada, sem dúvida alguma, com ambas as torcidas levando para o Gigante da Vila Passos suas respectivas charangas e batucadas.
O Nacional era o favorito. Mas ponha favoritismo nisso. Dos 96 timinhos, times razoáveis e timaços que começaram o Interbairros em setembro, foi o único a vencer todas as suas partidas goleando quem passou pela frente. O desempenho mais fraco ocorreu nas oitavas, diante do Manchester, do Filipinho, que apanhou só de três.
Já o Roma... Bem, o glorioso representante do Bairro de Nossa Senhora de Fátima não chegou invicto à grande final. Não se apresentou bem na primeira fase. Não tivesse feito um bom saldo de gols, teria ficado pelo meio do caminho. E das oitavas em diante eliminou seus adversários nos pênaltis.
E além do bom time que entrou nos diversos campos da Ilha para exibir um futebol esplendorosamente histórico, o Nacional contava, no banco de reservas, com o até então considerado melhor técnico do Interbairros, Luciano Ribeiro, o “José Mourinho de Upaon-Açu”. Porque, apesar de muito competente, era um chato de carteirinha, arrogante e prepotente. Em razão do ótimo trabalho realizado no torneio, acreditava-se a última jujuba do pote, em matéria de futebol-arte.
Quem acompanhava de perto o Interbairros de uma forma geral estava doido para ver o “bestial” (como o próprio se rotulava) virar besta e calçar as famosas havaianas da humildade. O problema era que o time de Luciano simplesmente não sabia o que era perder. Seu grande trunfo era o artilheiro do campeonato. Pedrinho, um moleque de 17 anos, fera até não poder mais, tinha o estilo do Messi: quando a dominava no meio-campo, a bola grudava em suas chuteiras e só parava dentro do gol do outro time.
E Pedrinho na decisão destruiu o Roma. Três gols em 40 minutos. Até o fim do primeiro tempo, o Nacional apenas tocava a bola no meio-campo, ouvindo o “olé” de sua torcida.
Os times foram para o intervalo. Quinze minutos depois, o Nacional voltou. Mas sem Pedrinho. De acordo com relatos fidedignos, ao saber que seria rifado porque seu treinador preferiu continuar administrando a partida a pulverizar de vez o Roma o menino e o técnico se estapearam no vestiário. O certo mesmo é que Luciano subiu para o gramado com o olho esquerdo machucado e Pedrinho nem mais na Cidade Operária continuou morando. E mais certo mesmo foi que o Roma aproveitou que a substituição adversária não surtiu efeito, reagiu e empatou a decisão de forma espetacular. A partida foi para os pênaltis... e aí o favoritismo mudou de residência.
E o bestial tornou-se besta. O que muita gente estava mesmo a fim de ver.
segunda-feira, janeiro 23, 2012
VAMOS RIR, QUE É MELHOR
domingo, janeiro 22, 2012
O ESPETÁCULO RECOMEÇA
sexta-feira, janeiro 20, 2012
UMA MANEIRA DE SER
quinta-feira, janeiro 19, 2012
CLARICE
quarta-feira, janeiro 18, 2012
RETRATO DA SOLIDÃO

terça-feira, janeiro 17, 2012
O ARTILHEIRO-ZAGUEIRO
Zagueiro-artilheiro o futebol sempre teve. O mais conhecido consagrou-se na temporada passada: o ilustre Dedé, do Gigante da Colina.
Já o inverso, o artilheiro-zagueiro, é mais complicado aparecer. Mas aparece.
O nome dele era Antônio Carlos. Para seus companheiros no Sampaio Corrêa Futebol Clube, ele atendia pelo simpático apelido de Toniquinho. Porque já conheciam o pai dele como Tonico.
Toniquinho tinha 17 anos e nascera para fazer gols. Parecia até uma grande ironia dos desígnios divinos, porque seu Tonico, como árbitro de futebol, aparentemente nascera para impedir a bola de estufar as redes – de tão incompetente enquanto regente máximo de tantas partidas ocorridas no campo do Nacional, lá na Cidade Operária. Quem lhe entregava o apito e os cartões podia se preparar para vê-lo se embananar com impedimentos equivocados ou com pênaltis inventados, nos quais o atleta que recebe a falta é derrubado a léguas da grande área. E ainda havia a questão da grande quantidade de faltas. Um jogador sequer podia esbarrar em outro sem querer, e seu Tonico trilava o apito, marcando a milésima faltinha desnecessária.
Pois o filho dele aprendera rapidamente, desde o sub-13 do JP (sua primeira equipe) que não existe essa história de “gol feio”. Feio é não fazer o gol. E ele o fazia. O time podia até perder, mas o menino mantinha sua impressionante frequência de balançar as redes adversárias pelo menos duas vezes. É claro que esse talento não podia ficar anônimo por muito tempo. Olheiros do Sampaio foram mais rápidos que os do Maranhão Atlético Clube e o levaram para o Centro de Treinamento José Carlos Macieira. Isso depois de uma decisão de um torneio realizado no campo do Nacional, em que o garoto detonou: marcou logo quatro gols e, literalmente, foi para a galera.
Já no Sampaio, a situação dele meio que mudou do vinho para o vinagre. Continuou fazendo seus gols, mas num ritmo menos intenso. Em algumas partidas, por exemplo, passava em branco. E às vezes levava algumas broncas de seu treinador porque simplesmente não participava das jogadas de ataque se a bola não lhe era passada. Mas o pior mesmo aconteceu na Copa São Paulo de Juniores.
A partida contra o Americano, do Rio, estava muito difícil. Até os 35 do segundo tempo, o empate por um 1 x 1 persistia no placar. Ambas as equipes necessitavam da vitória para avançarem às oitavas de final. Piorava a situação a verdadeira tempestade que despencara no estádio da Rua Javari aos 15 minutos da etapa inicial. O aguaceiro transformou o gramado em pasto, e os garotos não sabiam se chutavam a bola ou arrancavam a pontapés enormes blocos de lodo.
Aos 35 minutos, bola alçada à grande área do Sampaio. O goleiro Mateus, com seu quase 1,80m de altura, gritou, confiante todo: “É minha!”. Um segundo depois, quando viu a bola dentro de seu gol e ouviu a gritaria da comemoração dos meninos do Americano, deve ter pensado: “Era minha”.
O gol obrigou a equipe boliviana a ir para cima, de qualquer maneira. Tonico acertou a trave adversária aos 40 minutos. Pouco depois, mandou um petardo de fora da área, e o goleiro do Americano fez uma grande defesa, mandando a bola para escanteio.
Até Mateus foi para a grande área. Jorginho se encarregou do tiro de canto. Cobrou. Mateus ficou plantado. A bola estava mais para o outro goleiro. Mas este não viu nem a cor da pelota enlameada. Ela sobrou prontinha para o cabeceio de Toniquinho. Por sua vez, este deve ter dito a si mesmo: “Agora eu si consagro”. Mas por um cruel capricho, em vez de mover a cabeça para a frente, moveu-a para trás. A bola acertou-lhe a nuca e sobrou para o tiro de meta.
Depois disso, o Americano administrou a partida e ficou com a vaga. Ao Sampaio e a Toniquinho restou a lição: muitas vezes, os deuses que regem o futebol podem ser muito caprichosos.
segunda-feira, janeiro 16, 2012
DROGAS QUE MATAM
sábado, janeiro 14, 2012
A PRIMEIRA VITÓRIA
sexta-feira, janeiro 13, 2012
REALITIES
quinta-feira, janeiro 12, 2012
MARANHÃO DA PISTOLAGEM
quarta-feira, janeiro 11, 2012
POR UMA INTERNET LIVRE
Jamais vi a pirataria como um crime. Eu a entendo como um recurso. Vamos entrar um pouco no ramo das especulações: há uma biografia do cantor Roberto Carlos disponível para download. O livro intitula-se “Roberto Carlos em detalhes”. Não se encontra à venda em qualquer livraria ou sebo daqui de São Luís. Caso estivesse à mostra em alguma vitrine da Nobel, por exemplo, um fã do artista certamente desembolsaria uma boa grana para adquiri-lo.
Outro admirador do trabalho do artista, sem condições de gastar tanto para curar sua dor de cotovelo, poderia descobrir o site no qual a obra encontra-se pronto para ser baixado em alguma lan house, ao módico preço de R$ 1,00 ou R$ 1,50 por hora – dependendo do estado de espírito do responsável pelo estabelecimento, uma vez que esses valores não são tabelados.
No entanto, tenho percebido, de uns tempos para cá – não muito tempo, na verdade -, que o comércio pirata tem arrefecido bastante. Tanto por motivos de forte repressão por parte das autoridades quanto pela conscientização das pessoas. Em muitos dos casos, a versão não-oficial, por assim dizer, não tem mesmo a mesma qualidade da padronizada. Podemos citar o caso de uma camisa de time de futebol. As que são comercializadas no Retorno da Forquilha ou da UPA da Cidade Operária tendem a desbotar ou mesmo apresentar alguns pontos descosturados em poucos dias. Por isso, vejo mais consumidores recorrendo a sites como Submarino e Mercado Livre – apenas para citar os meus favoritamente prediletos.
Agora, acabo de ler na Web que empresas estrangeiras (as norte-americanas, que são as que mais choram), considerando-se prejudicadas pela pirataria (por elas entendidas como “violação”), começaram a propor, ao Congresso dos Estados Unidos, dois projetos que, no meu entendimento, são exemplos prontos e acabados de como o autoritarismo e o totalitarismo nunca desapareceram nem desaparecerão por completo.
De engraçados os projetos tem apenas o nome: SOPA e PIPA. O primeiro, por extenso: Stop On-Line Piracy Act – algo como “Interrupção da Pirataria On-Line”. O segundo: Protect IP Act – ou “Proteção para Ações de IP. Como se sabe, este é o famoso Protocolo de Internet, ou a conexão à qual pertence determinado endereço (ilustrando, o www.wikipedia.org está associado ao IP 208.80.152.130).
Caso estes dois projetos sejam aprovados, qualquer fornecedor e provedor de Internet terá carta branca para monitorar qualquer serviço on-line. Sites de busca, redes sociais, publicidade... Tudo o que promover de alguma forma atividades que estimulem a pirataria será sumariamente coibida. Quem não der alegremente a patinha para essa censura descarada e descabida será bloqueado e nunca mais terá o direito sequer de comprar ou vender uma pitomba no Mercado Livre.
Para esclarecer bem esse ponto, os sites e serviços não desapareceriam. Eles seriam submetidos a uma espécie de controle. Ou de regulamentação. Alguém ou um grupo de indivíduos confortavelmente situados no Poder Executivo americano iria ditar as regras para divulgação de conteúdo na Grande Rede.
É claro que houve reações imediatas. Por uma Internet livre, Google e Facebook já avisaram que, se esses projetos forem aprovados, tirariam o time de campo – pelo menos por algum tempo.
Atitudes extremas para ações semelhantes. O que está de errado com o mundo?
terça-feira, janeiro 10, 2012
GRANDES TRAGÉDIAS
segunda-feira, janeiro 09, 2012
Carnavais e carnavais
domingo, janeiro 08, 2012
ENQUANTO HOUVER VIDA....
sexta-feira, janeiro 06, 2012
OS 'BRAZUCAS' E A SUBMISSÃO
quinta-feira, janeiro 05, 2012
AINDA NÃO DEU CERTO
Em “1822”, Laurentino afirma que quem observasse o Brasil naquele longínquo ano do século XIX teria razões de sobra para duvidar da viabilidade do nosso país como nação independente e soberana. “De cada três brasileiros”, declara o escritor, “dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. Era uma população pobre e carente de tudo, que vivia à margem de qualquer oportunidade em uma economia agrária e rudimentar, dominada pelo latifúndio e pelo tráfico negreiro”.
Além disso,”o analfabetismo era geral. De cada dez pessoas, só uma sabia ler e escrever. Os ricos eram poucos e, com raras exceções, ignorantes. O isolamento e as rivalidades entre as diversas províncias prenunciavam uma guerra civil, que poderia resultar na fragmentação territorial, a exemplo do que já ocorria nas colônias espanholas vizinhas”.
Hoje, vemos o Brasil como “a sexta economia do mundo”. Ano passado, superou o Reino Unido, que caiu para sétimo em razão da crise bancária de 2008 e da consequente recessão. Ou, nas palavras do chefe-executivo do Centro de Pesquisa para Economia e Negócios (CEBR, na sigla em inglês) do Reino, Douglas McWilliams: “O Brasil tem batido os países europeus no futebol por um longo tempo, mas batê-los em economia é um fenômeno novo. Nossa tabela de classificação econômica mundial mostra como o mapa econômico está mudando, com os países asiáticos e as economias produtoras de commodities subindo para a liga, enquanto nós, na Europa, recuamos”.
Rio de Janeiro, princípio de 2012: as águas do rio Muriaé começam a invadir a cidade de Campos de Goytacazes após o rompimento de um dique. Pelo menos 4.000 moradores estão sendo retirados. Para chegar lá, apenas por avião ou helicóptero, porque a estrada de acesso ao município foi destruída. Para piorar a situação, na cidade de Cardoso Moreira, o rio começou a baixar. A localidade tem 90% de sua área alagada. Mas o pior mesmo é o nome do secretário municipal de Defesa Civil: Juarez Noé. Mais deboche do que isso, impossível.
Ano passado, como todo mundo lembra, há um ano a região serrana fluminense foi devastada por enchentes e deslizamento de terra. A 4ª maior tragédia do mundo propiciada por fenômenos naturais, deixou mais de 700 mortes e destruiu a cidade de Teresópolis, a mais afetada pela chuva.
Este ano, em Minas Gerais, 71 cidades estão em situação de emergência por causa das chuvas. Oito pessoas já morreram em razão do temporais. Ao mesmo tempo, um figurão do Governo Federal precisa explicar por que teria beneficiado seu estado de origem, Pernambuco, com o dinheiro que deveria ter sido aplicado no sentido de pelo menos minimizar a tragédia vivida diariamente por nossos irmãos do Sudeste.
O que nos leva a duas constatações. A primeira: se o Brasil, no ano de sua independência, tinha, de fato, tudo para dar errado (conforme afirmação do escritor Laurentino Gomes), a grande verdade é que ele ainda não deu certo. Mesmo agora, que este século vai se aproximando de sua segunda década. A outra constatação: nessas horas de pesadelo e desespero para as famílias arrasadas pelas tempestades, um país se considerar a sexta economia do mundo não significa rigorosamente nada.