sexta-feira, janeiro 06, 2012

OS 'BRAZUCAS' E A SUBMISSÃO

Demorou muito para os desenhistas brasileiros conquistarem espaço no mercado quadrinístico norte-americano. Quando pela primeira vez vi os desenhos de Mike Deodato - toscos e totalmente apelativos -, pensei com os meus botões: "Se é esse o melhor dos artistas tupiniquins lá fora, então devemos nos preocupar e muito".
O que mais me incomodava - ainda incomoda - é a questão da submissão dos nossos artistas a determinadas imposições estabelecidas pelos estadunidenses. Uma delas: supostamente com o intuito de facilitar o contato dos artistas com as editoras, boa parte daqueles aceitou de bom grado "adaptar" (digamos assim...) seus nomes para a realidade ianque.
Ainda bem que nem todos fizeram isso. Mas os desenhistas "abre-alas" precisaram desse artifício absurdo para prosperarem nos EUA. Além disso, como as editoras de lá pagam em dias - e muito bem - por página desenhada -, os brazucas não viram a deturpação de seus nomes como um problema muito sério. Ou viram como o menor dos males.
Acabo de comprar uma edição especial da Panini com algumas histórias desenhadas por talentos brasileiros. O melhor dos contos, tanto escrito ou ilustrado, foi a aventura do Super-Homem em que o herói não consegue impedir terroristas de destruírem uma aldeia que estava sob sua superproteção. Ed Benes - que sabe desenhar gostosonas como ninguém - fez um excelente trabalho, principalmente quando ressaltou as curvas magníficas de Lois Lane. Melhor do que ele para retratar boazudas apenas o grande Jim Lee.
Como a questão da submissão brazuca não vai se modificar tão cedo no aspecto da deturpação dos nomes, esperemos que nossos artistas continuem fazendo o bom trabalho com que obtiveram espaço no mercado de HQs norte-americano.

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